Cuidados com a dieta, rotinas de exercícios e o ambiente podem melhorar o bem-estar dos cavalos de competição e com isso o seu desempenho. Confira!
O desempenho de cavalos atletas depende de vários fatores, dentre eles, métodos de treinamento, alimentação de qualidade, suplementação adequada e condições de bem-estar, para melhorar a performance atlética em todas as fases da vida esportiva. Entenda mais sobre!
O desempenho eficiente durante a realização de exercícios de alta, moderada e baixa intensidade requer o correto funcionamento dos sistemas nervoso, respiratório, cardiovascular e musculoesquelético, para que seja preservada e mantida a homeostasia do organismo dos equinos durante a execução de cada um dos exercícios.
A participação do sistema nervoso autônomo e endócrino favorece a mobilização das reservas energéticas, controle da homeostasia cardiovascular e equilíbrio dos fluídos corporais durante a prática de exercícios.
A meta de qualquer treinamento é o aumento do rendimento atlético, em consequência da economia de outras funções corpóreas. Porém, o aumento do rendimento depende também de diversos outros fatores psíquicos e físicos, como por exemplo, alimentação e idade do animal.
Sabemos que o principal objetivo do treinamento dos cavalos de competição é melhorar o desempenho através do aumento da capacidade cardiovascular durante o exercício. Porém, a prática exaustiva de atividades físicas gera uma síndrome conhecida como overtraining, caracterizada pelo excesso de treinamento sem respeitar o tempo de recuperação do organismo, o que desencadeia diversos problemas metabólicos além da queda no rendimento esportivo.
As características genéticas devem ser potencializadas por uma base de treinamento que esteja de acordo com o esporte praticado pelo animal. Por exemplo, para cavalos de explosão, o trabalho deve priorizar fibras de contração rápida, sendo um trabalho principalmente anaeróbico, ou seja, o treinamento deve ser intenso e por um curto espaço de tempo, cerca de duas a três horas diárias.
Os equinos são animais herbívoros, não ruminantes, e apresentam o aparelho digestivo adaptado a dietas com grande quantidade de fibras e pobres em energia. O consumo se dá em pouca quantidade de alimento várias vezes ao dia, com momentos de descanso de no máximo 2 a 3 horas.
Outra particularidade dos equinos, é o fato de serem muito seletivos selecionando determinadas espécies de forragens ou ainda, apenas algumas partes delas.
Comumente, dietas com baixo percentual de fibras e ricas em energia são fornecidas aos cavalos, o que aumenta as chances de problemas de saúde e comportamentais, pois estão em conflito com a dieta natural a qual os equinos foram adaptados evolutivamente. Dessa forma, os cavalos de esporte devem receber no mínimo 50% da dieta em volumoso de qualidade (pasto, verde ou feno), enquanto a ração e os suplementos devem ser apenas um complemento.
O manejo nutricional de cavalo de competição não é uma tarefa fácil, pois é necessário suprir as exigências energéticas de um atleta, mas sem esquecer de manter a saúde do animal. Algumas ações podem melhorar a qualidade da nutrição diária, como por exemplo: promover acesso a pastagem sempre que possível e fornecer uma dieta à base de volumoso ad libitum, permitindo que o animal se alimente várias vezes ao dia.
Os alimentos concentrados devem ser fornecidos aos cavalos com muita atenção e cautela, sempre respeitando a quantidade indicada (recomendações de fornecimento máximo de 0,4-0,5 kg por 100 kg de peso vivo), para evitar excessos e desencadear problemas metabólicos.
Quando necessário, é indicado aumentar a quantidade de tratos em relação ao volume fornecido: porções de até 4 kg (2 vezes ao dia), 4-6 kg (3 vezes ao dia) e mais de 6 kg (4 vezes ao dia).
Os suplementos são fornecidos a fim de melhorar o desempenho dos cavalos atletas, para que entreguem melhores resultados, tanto nos treinamentos do dia a dia quanto nos momentos pré e pós-prova, contudo o foco não deve ser somente a melhoria do desempenho, mas também a manutenção da saúde.
A necessidade energética dos cavalos atletas é duas vezes maior que a manutenção. A ingestão de alimentos e água em quantidades adequadas não são suficientes para fornecer aos animais além dos níveis energéticos, as proteínas, minerais e vitaminas necessárias para desenvolver as atividades de um atleta.
Por isso, a adição dos suplementos vitamínicos, minerais e aminoácidos na rotina alimentar é fundamental para suprir as demandas de nutrientes e energia. A suplementação deve ser feita de forma equilibrada e estratégica para evitar excessos, e ter efeito positivo tanto no desempenho quanto na saúde animal.
É essencial realizar o planejamento nutricional, com base nas necessidades específicas de cada equino de acordo com a raça, idade, modalidade esportiva e outras características específicas.
O confinamento, as viagens e a alta exigência durante as competições são fatores estressantes aos quais os animais atletas são submetidos, que podem causar irritabilidade, ansiedade, nervosismo, comportamentos agressivos e/ou estereotipias.
Manter a saúde e o bem-estar do cavalo atleta é fundamental. É importante que o animal tenha acompanhamento de um médico-veterinário e realize exames periódicos a fim de descartar alterações que muitas vezes passam despercebidas no início, como gastrite, irritações de pele, problemas de dentição, orelha, coluna ou claudicações brandas não notadas pelo treinador.
A instalação onde o animal se encontra deve ser adequada para a espécie, com espaço suficiente, disponibilidade de água limpa, limpeza adequada, material de cama e tamanho de cochos indicados, dentre outros.
Estratégias de enriquecimento ambiental e possibilitar que o cavalo tenha contato visual com outros animais pode melhorar seu bem-estar, uma vez que esse contato dentro do estábulo está associado a uma ocorrência menor de comportamentos anormais, como por exemplo aerofagia, andar em círculos e até mesmo alteração da ingestão de alimentos.
A prática de exercícios regulares, como trote leve na guia, pode auxiliar a minimizar o excesso de energia e ansiedade do cavalo, até mesmo antes do treino planejado. A regularidade dos exercícios é fundamental para que o equino tenha uma rotina estabelecida, reduzindo os níveis de ansiedade.
A associação de reforços positivos ao comportamento desejado, principalmente nos momentos mais estressantes e desafiadores para o animal, contribui para que ele fique mais tranquilo e mais colaborativo nas próximas situações.
Cuidados com a dieta, rotinas de exercícios e o ambiente podem melhorar o bem-estar dos cavalos e com isso o seu desempenho. Um animal que trabalha em sua plenitude mental e física, com baixos níveis de estresse e ansiedade é capaz de aprender melhor o que lhe é ensinado durante os treinos.
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