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17.07.2025 | Mundo Equino

SÍNDROME METABÓLICA EQUINA: UM PROBLEMA SILENCIOSO, MAS NEM TANTO. 

Preocupar com o padrão estético leva muitos proprietários a superalimentar os cavalos desde jovens, atrasando a percepção de que o animal está com sobrepeso ou até mesmo obeso. 

Escrito Por: Dr. Antonio Roberto Fiani Bacila e Dra. Ana Paula Rossa, publicada na revista Quarto de Milha. 

Nos últimos anos, o conhecimento sobre a saúde metabólica dos equinos evoluiu consideravelmente, permitindo identificar com mais clareza condições que antes eram pouco compreendidas ou ainda, atribuídas a outros fatores. A Síndrome Metabólica Equina (SME) é um grande exemplo disso: hoje reconhecida como uma das principais causas de laminite (também conhecida como pododermatite asséptica, que é uma condição inflamatória que afeta as lâminas do casco às estruturas que ligam o casco ao osso) e comprometimento do desempenho atlético e reprodutivo, que por muito tempo passou despercebida, sem diagnóstico. Com a ampliação dos conhecimentos, e métodos de diagnóstico, houve uma crescente no número de casos identificados, acendendo um alerta para a população que vive a indústria equestre. Entender essa síndrome, suas causas e formas de manejo é essencial para garantir a saúde, bem-estar, desempenho e a longevidade dos cavalos.

O QUE É SÍNDROME METABÓLICA EQUINA 

A SME envolve alterações hormonais e metabólicas, principalmente relacionados com a resistência à insulina, ao acúmulo anormal de gordura corporal e a predisposição à laminite. Os cavalos com SME geralmente apresentam depósitos de gordura em locais específicos, principalmente no pescoço, na base da cauda e na garupa. 

A ocorrência da SME é mais comum em equinos com predisposição genética, em algumas raças, com manejo nutricional inadequado e ainda, com baixa atividade física. O problema pode evoluir silenciosamente e, desta forma, dificultando o diagnóstico precoce e aumentando o risco de complicações.

OS TRÊS PILARES DA SME 

1) RESISTÊNCIA À INSULINA: 

O organismo não responde de maneira adequada à insulina (hormônio responsável por sua regulação no sangue). 

2) OBESIDADE REGIONAL: 

Obesidade e adiposidade regional 

3) PREDISPOSIÇÃO À LAMINITE: 

Inflamação nas estruturas do casco, que pode causar dores intensas, perda de desempenho e rotação da falange distal. 

CAUSAS E FATORES DE RISCO 

Algumas raças equinas apresentam maior tendência a armazenar gordura e desenvolver a resistência à insulina. O excesso de oferta de alimento, principalmente os alimentos concentrados, ricos em amido e açúcar, favorece o acúmulo de gordura e desencadeia os desequilíbrios hormonais. 

Outro fator que contribui para o problema é o padrão estético valorizado em algumas raças e modalidades, que distinguem características que, embora visualmente apreciadas, podem refletir acúmulo excessivo de gordura e risco metabólico. Esse padrão leva muitos proprietários a superalimentar os cavalos desde jovens, atrasando a percepção de que o animal está com sobrepeso ou até mesmo obeso.

‘’Outros sinais que devem servir de alerta, são a queda no desempenho esportivo e piora nos índices reprodutivos.’’

Um ponto a ser levantado, é que a gordura acumulada não é um tecido inerte, mas atua como um órgão endócrino ativo, liberando hormônios e substâncias inflamatórias na corrente sanguínea, que contribuem para um estado de inflamação sistêmica, que pode ser responsável por agravar ainda mais o quadro de desequilíbrio metabólico.

COMO EU SEI QUE MEU CAVALO POSSUI SÍNDROME METABÓLICA?

Os sinais clínicos nem sempre são óbvios ou fáceis de ser detectados, principalmente nos estágios iniciais, fazendo com que passem despercebidos. Um dos principais indícios visíveis é o acúmulo regional de gordura, além de casos de laminite recorrente sem causa definida e ainda, dificuldade em manejar e diminuir o peso dos animais, mesmo com reduções na dieta. 

Outros sinais que devem servir de alerta, são a queda no desempenho esportivo e piora nos índices reprodutivos, que podem estar associadas as alterações no metabolismo de glicose e, também, no estado inflamatório do animal acometido. 

Além dos sinais observados, a SME pode ser detectada e deve ser confirmada através de exames laboratoriais específicos, que incluem a dosagem de insulina e glicose em jejum e testes dinâmicos como o teste oral de glicose. A resistência à insulina é o principal marcador da síndrome metabólica e, quando confirmada, deve ser tratada, com manejo alimentar e clínico, além de ser aconselhável o acompanhamento do médico-veterinário.

‘’A movimentação diária e manutenção de massa muscular, melhora a sensibilidade à insulina.’’

Sabendo dos principais sinais clínicos, podemos destacar alguns como alerta: Obesidade, acúmulo regional de gordura, dificuldade em emagrecer, episódios recorrentes de laminite, queda no desempenho físico, piora nos índices reprodutivos e alterações nos cascos.

CONTROLAR É POSSÍVEL, MAS FOCO EM PREVENÇÃO!

O sucesso no controle da Síndrome Metabólica Equina depende principalmente de mudanças consistentes no manejo nutricional e no estilo de vida do  cavalo. Sem sombra de dúvidas, a base da prevenção está no controle da alimentação, com a redução drástica na oferta de carboidratos não estruturais e focar em dietas ricas em fibras. 

O exercício físico regular é outro pilar essencial no manejo. A movimentação diária e manutenção de massa muscular, melhora a sensibilidade à insulina, ajuda na queima de gordura e, ainda, auxilia na redução da inflamação sistêmica. 

Em alguns casos é necessário a utilização de medicamentos, além de contar com a ajuda de suplementos nutricionais que contribuem para o controle dos níveis e estimulem o metabolismo da glicose, além de fitoterápicos com ação antioxidante e anti-inflamatória. 

Por fim, mas não menos importante, a monitoria contínua por profissionais aptos é fundamental, sendo necessário pesagens regulares, avaliações da condição corporal, medições de circunferência do pescoço e exames laboratoriais periódicos. São ações as quais auxiliam a detectar problemas e monitorar a condição, além de serem ferramentas para ajustes na dieta e manejo conforme necessário.

CONCLUSÃO 

Nos últimos anos, o conhecimento sobre a saúde metabólica dos equinos evoluiu consideravelmente, permitindo identificar com mais clareza condições que antes eram pouco compreendidas ou atribuídas a outros fatores. A Síndrome Metabólica Equina está entre elas. Com a ampliação dos estudos e das ferramentas diagnósticas, cresce também o número de casos identificados, nos revelando que a SME pode estar mais presente do que imaginávamos. 

Entender essa síndrome, suas causas e formas de manejo é essencial para garantir o bem-estar e a longevidade esportiva dos cavalos.

Confira a linha referência em saúde gastrointestinal e suporte a imunidade: https://novidade.organnact.com.br/saude-gastrointestinal-equinos

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