Preocupar com o padrão estético leva muitos proprietários a superalimentar os cavalos desde jovens, atrasando a percepção de que o animal está com sobrepeso ou até mesmo obeso.
Escrito Por: Dr. Antonio Roberto Fiani Bacila e Dra. Ana Paula Rossa, publicada na revista Quarto de Milha.
Nos últimos anos, o conhecimento sobre a saúde metabólica dos equinos evoluiu consideravelmente, permitindo identificar com mais clareza condições que antes eram pouco compreendidas ou ainda, atribuídas a outros fatores. A Síndrome Metabólica Equina (SME) é um grande exemplo disso: hoje reconhecida como uma das principais causas de laminite (também conhecida como pododermatite asséptica, que é uma condição inflamatória que afeta as lâminas do casco às estruturas que ligam o casco ao osso) e comprometimento do desempenho atlético e reprodutivo, que por muito tempo passou despercebida, sem diagnóstico. Com a ampliação dos conhecimentos, e métodos de diagnóstico, houve uma crescente no número de casos identificados, acendendo um alerta para a população que vive a indústria equestre. Entender essa síndrome, suas causas e formas de manejo é essencial para garantir a saúde, bem-estar, desempenho e a longevidade dos cavalos.
A SME envolve alterações hormonais e metabólicas, principalmente relacionados com a resistência à insulina, ao acúmulo anormal de gordura corporal e a predisposição à laminite. Os cavalos com SME geralmente apresentam depósitos de gordura em locais específicos, principalmente no pescoço, na base da cauda e na garupa.
A ocorrência da SME é mais comum em equinos com predisposição genética, em algumas raças, com manejo nutricional inadequado e ainda, com baixa atividade física. O problema pode evoluir silenciosamente e, desta forma, dificultando o diagnóstico precoce e aumentando o risco de complicações.
O organismo não responde de maneira adequada à insulina (hormônio responsável por sua regulação no sangue).
Obesidade e adiposidade regional
Inflamação nas estruturas do casco, que pode causar dores intensas, perda de desempenho e rotação da falange distal.
Algumas raças equinas apresentam maior tendência a armazenar gordura e desenvolver a resistência à insulina. O excesso de oferta de alimento, principalmente os alimentos concentrados, ricos em amido e açúcar, favorece o acúmulo de gordura e desencadeia os desequilíbrios hormonais.
Outro fator que contribui para o problema é o padrão estético valorizado em algumas raças e modalidades, que distinguem características que, embora visualmente apreciadas, podem refletir acúmulo excessivo de gordura e risco metabólico. Esse padrão leva muitos proprietários a superalimentar os cavalos desde jovens, atrasando a percepção de que o animal está com sobrepeso ou até mesmo obeso.
‘’Outros sinais que devem servir de alerta, são a queda no desempenho esportivo e piora nos índices reprodutivos.’’
Um ponto a ser levantado, é que a gordura acumulada não é um tecido inerte, mas atua como um órgão endócrino ativo, liberando hormônios e substâncias inflamatórias na corrente sanguínea, que contribuem para um estado de inflamação sistêmica, que pode ser responsável por agravar ainda mais o quadro de desequilíbrio metabólico.
Os sinais clínicos nem sempre são óbvios ou fáceis de ser detectados, principalmente nos estágios iniciais, fazendo com que passem despercebidos. Um dos principais indícios visíveis é o acúmulo regional de gordura, além de casos de laminite recorrente sem causa definida e ainda, dificuldade em manejar e diminuir o peso dos animais, mesmo com reduções na dieta.
Outros sinais que devem servir de alerta, são a queda no desempenho esportivo e piora nos índices reprodutivos, que podem estar associadas as alterações no metabolismo de glicose e, também, no estado inflamatório do animal acometido.
Além dos sinais observados, a SME pode ser detectada e deve ser confirmada através de exames laboratoriais específicos, que incluem a dosagem de insulina e glicose em jejum e testes dinâmicos como o teste oral de glicose. A resistência à insulina é o principal marcador da síndrome metabólica e, quando confirmada, deve ser tratada, com manejo alimentar e clínico, além de ser aconselhável o acompanhamento do médico-veterinário.
‘’A movimentação diária e manutenção de massa muscular, melhora a sensibilidade à insulina.’’
Sabendo dos principais sinais clínicos, podemos destacar alguns como alerta: Obesidade, acúmulo regional de gordura, dificuldade em emagrecer, episódios recorrentes de laminite, queda no desempenho físico, piora nos índices reprodutivos e alterações nos cascos.
O sucesso no controle da Síndrome Metabólica Equina depende principalmente de mudanças consistentes no manejo nutricional e no estilo de vida do cavalo. Sem sombra de dúvidas, a base da prevenção está no controle da alimentação, com a redução drástica na oferta de carboidratos não estruturais e focar em dietas ricas em fibras.
O exercício físico regular é outro pilar essencial no manejo. A movimentação diária e manutenção de massa muscular, melhora a sensibilidade à insulina, ajuda na queima de gordura e, ainda, auxilia na redução da inflamação sistêmica.
Em alguns casos é necessário a utilização de medicamentos, além de contar com a ajuda de suplementos nutricionais que contribuem para o controle dos níveis e estimulem o metabolismo da glicose, além de fitoterápicos com ação antioxidante e anti-inflamatória.
Por fim, mas não menos importante, a monitoria contínua por profissionais aptos é fundamental, sendo necessário pesagens regulares, avaliações da condição corporal, medições de circunferência do pescoço e exames laboratoriais periódicos. São ações as quais auxiliam a detectar problemas e monitorar a condição, além de serem ferramentas para ajustes na dieta e manejo conforme necessário.
Nos últimos anos, o conhecimento sobre a saúde metabólica dos equinos evoluiu consideravelmente, permitindo identificar com mais clareza condições que antes eram pouco compreendidas ou atribuídas a outros fatores. A Síndrome Metabólica Equina está entre elas. Com a ampliação dos estudos e das ferramentas diagnósticas, cresce também o número de casos identificados, nos revelando que a SME pode estar mais presente do que imaginávamos.
Entender essa síndrome, suas causas e formas de manejo é essencial para garantir o bem-estar e a longevidade esportiva dos cavalos.
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